129. Existe, então, verdadeira conversão, e verdadeira contrição na conversão, onde não há nenhuma mudança, e onde não há sentimentos na mente, vontade e coração de um homem?
Não. Para o arrependimento ou contrição ocorre e existe quando um homem reconhece seus pecados, considera seriamente em seu coração as ameaças da ira divina, realmente teme a ira de Deus, e lamenta os pecados de tal forma, que com resolução não fingida ele se volta deles e com um coração conturbado está preocupado que ele não seja para sempre condenado, etc. Quando, então, tal mudança não ocorre em um homem e não há sentimentos deste tipo, é certo que nenhuma conversão ou contrição verdadeira existe.
130. Mas se esse tipo de sentimentos (temor a Deus, pesar pelos pecados, etc.) deve estar presente na conversão, é, então, a vontade do homem não ociosa na contrição mas faz e opera algo?
A questão dessa controvérsia não consiste na questão da causa formal da contrição ou conversão, mas em relação à causa eficiente; isto é: a questão não é se tal mudança e tais sentimentos devem ocorrer e estar presentes na contrição ou conversão, pois isso está além da controvérsia, já que a conversão em si não é nada mais do que esse tipo de mudança, mas a questão é sobre de onde o homem tem e adquire esses sentimentos e mudanças. De onde a mente, o coração e a vontade do homem obtém esse poder ou capacidade, que ele possa começar e efetuar as coisas que são necessárias para o arrependimento ou contrição de acordo com a Palavra divina? Agora, a esta pergunta, as Escrituras, como mostramos um pouco mais cedo, claramente responde: o homem de si mesmo, pelos poderes que pertencem à sua natureza ou livre arbítrio, não pode de forma alguma ter essa capacidade ou ser capaz de invocar esses sentimentos, mas tudo isso é um dom e obra de Deus. Atos 5:31; 11:18; 2 Tm 2:25. Pois é Deus quem converte o homem, que tira o coração da pedra e dá um coração de carne. Ez 11:19; 36:26; veja também Jr 31:18 19.
